Adesão da UJC-USP à Reconstrução Revolucionária do Partido Comunista Brasileiro (PCB) - PCB RR

“Somos a favor da Reconstrução Revolucionária do PCB, da construção de uma ferramenta eficiente e capaz de dar consecução à tarefas para a realização da Revolução Brasileira. Vemos que a construção deste espaço é essencial para organizar a polêmica e para dar importantes passos rumo a reorganização partidária, a coesão de todo o complexo, de forma a não ficarmos mais isolados, para avançarmos na Reconstrução Revolucionária do PCB.“

Por UJC-USP, em 13.10.2023 · 8 mins

Somos parte constituinte da organização partidária na juventude e acreditamos que deve haver um movimento contínuo de troca mútua de orientações entre as direções do partido e dos demais organismos, para socialização de acúmulos, e assim, avançar a estratégia da revolução brasileira em todos os âmbitos específicos da luta de classes em que atuamos. Cada militante deve poder ver sua contribuição política, em qualquer âmbito da luta de classes, reconhecida e a especialização de nosso trabalho deve garantir a possibilidade de unirmos, na diversidade, uma ampla política revolucionária, contemplando as divergências necessárias sem desorganizar a unidade de ação.

Contudo, vemos que esse movimento não acontece, fazendo com que haja uma setorização de nossa atuação de forma local e com recortes de temas políticos. Dessa forma, apenas os coletivos partidários formulam sobre a questão de opressões, cada uma delas de forma isolada, e não avançamos sobre cada um dos temas de maneira coesa em todo o complexo. Como um exemplo, temos um dos problemas ainda não respondido: Por que o camarada Eduardo Serra defendeu um programa de política de segurança pública tão contrária às formulações do Coletivo Negro Minervino de Oliveira?

Sem esses espaços de democracia interna muito se perde. E quem perde são os trabalhadores brasileiros que vêem a revolução sendo adiada pela falta de organização de sua vanguarda, que deveria liderar nossos avanços e frentes de batalha. Assim, percebemos grandes vácuos, ausências: cadê uma mobilização unificada e consequente contra o arcabouço fiscal e o marco temporal? Cadê a construção de uma oposição consequente ao governo do PT e sua frente amplíssima? Não se pode resumir nossa atuação a apenas notas políticas com análises de conjuntura, precisamos de algo mais concreto e a direção do partido deve se responsabilizar por isso, é papel do CC deliberar encaminhamentos concretos para o trabalho de todo o complexo partidário e trabalhar para garantir a execução destes.

Devemos abandonar o pânico legalista pedindo pela prisão de Bolsonaro - que simula um combate à burguesia para não realiza-lo de fato. Vemos que quem hoje organiza o encarceramento em massa, os ataques aos direitos dos trabalhadores e o rebaixamento ideológico e político das massas trabalhadoras brasileiras é o governo Lula, como o fez em todos os mandatos petistas. Porém, ainda não estabelecemos uma posição clara e definida de oposição ao governo burguês de Lula, nem o Comitê Central se pronunciou apontando qualquer tática geral para esse enfrentamento, realizando apenas leituras de conjuntura e apontando para uma “mobilização” em abstrato. Nossa intervenção contra esse governo se definiu em uma mal organizada participação em poucos atos de rua minoritários, sem grande perspectiva de continuidade e sem definir com clareza palavras de ordem que apresentem os caminhos de luta para os trabalhadores.

Outras ausências são sentidas que podem ser resumidas na nossa falta de profissionalização. São sentidas pelo organismo de base quando debatemos finanças e perguntamos que acúmulos temos para melhor direcionar o debate e não há respostas. São sentidas também na falta de profissionalização de nosso jornal, que pouco publica sobre as experiências da luta de classes pelo Brasil, se voltando a textos desconexos e frequentemente com tom acadêmico, sem apresentar palavras de ordem concreta ou a denúncia das opressões sofridas. Enquanto o novo Teto de Gastos e o Marco Temporal eram pautas centrais na luta de classes, o jornal publicou uma vergonhosa capa de “solidariedade” à Sofia Manzano, que sofrera ataques virtuais, pauta que foi massivamente divulgada, às custas de uma intervenção política incisiva sobre os temas centrais da luta de classes.

Essas ausências, no passado, poderiam ser pensadas enquanto incapacidade organizativa ou incompetência honesta somente. Contudo, sob luz dos atuais acontecimentos, é preciso tomar conclusões diferentes. Vimos nossas direções, os camaradas Edmilson Costa e Eduardo Serra irem contra às resoluções do XVI Congresso do PCB ao participarem da Plataforma Mundial Anti Imperialista e nada acontecer, defendendo posições anti-leninistas nos espaços,já que a leitura de Imperialismo defendida pela PMAI assim o é. Vimos as perseguições políticas tomarem conta de nosso cenário político, primeiro com o camarada Leonardo Godim, depois com os camaradas Jones Manoel, Gustavo Gaiofato, Gabriel Landi, Gabriel Lazzari, Ana Karen, Ivan Pinheiro e tantos outros, reiteradas pela circular 26/2023 que instituiu uma perseguição generalizada a todos que possuam alguma divergência e que a tenham deixado pública. Reivindicamos a reintegração dos camaradas aos seus organismos e a paralisação de qualquer processo disciplinar que esteja ocorrendo sobre a exposição de críticas ao partido sobre a participação na PMAI e questões que daí decorreram, inclusive o falso “fracionismo” aventada contra militantes que “ousaram” divergir da Fração que domina o Comitê Central.

Não se pode mais olhar esse cenário e não perceber o problema político enfrentado. Discordamos e criticamos com ardor os boicotes da nossa atuação política de norte a sul do país. Os boicotes às nossas resoluções, a seletividade do seguimento dessas. Criticamos a falta da organização da polêmica, da democracia interna, que colocam um véu turvo sobre as reais divergências impostas, que subestimam as bases do complexo partidário. Esse boicote é intencional, feito por uma fração que controla as instâncias executivas do partido (CPN/CPR) e se favorece da falta de clareza, se atendo a forma do debate e não ao conteúdo político de cada uma das críticas, impossibilitando que reais autocríticas sejam feitas pelas direções. É nas sombras que o oportunismo cresce e se encastela, só com a polêmica, com a democracia interna bem estruturada, que podemos combatê-lo.

No âmbito dessas perseguições, afirmamos que reconhecemos a completa legitimidade das direções eleitas no IX Congresso da UJC (CR/SP e CN) e não reconheceremos qualquer tentativa de destituição ou expulsão de seus membros e de suas direções executivas (Secretariado e CEN).

Frente a tudo isso, acreditamos ainda na possibilidade de pacificar as relações e manter a unidade no Complexo Partidário, a partir de um caminho certo e necessário: a realização de um XVII Congresso Extraordinário do PCB, com a participação integral da juventude do partido, a UJC, e de todos os coletivos partidários no processo. Assim, caminharíamos para uma síntese, clareza e disputa aberta de nossos problemas, forjando a ferro e fogo a unidade da juventude, dos coletivos e do Partido nas discussões abertas e afastadas das sombras dos PDs e da perseguição.

Somos a favor da Reconstrução Revolucionária do PCB, da construção de uma ferramenta eficiente e capaz de dar consecução à tarefas para a realização da Revolução Brasileira. Vemos que a construção deste espaço é essencial para organizar a polêmica e para dar importantes passos rumo a reorganização partidária, a coesão de todo o complexo, de forma a não ficarmos mais isolados, para avançarmos na Reconstrução Revolucionária do PCB.



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