Destituição no CM: Luta em solidariedade do povo palestino dentro da USP!

Ser antissionista, portanto, é dever de todos que entendem que nenhum povo deve ser colonizado, que nenhum povo deve sofrer genocídio. E, neste sentido, entendemos a tônica do informe como antissionista, não antissemita. O equívoco entre uma coisa e outra não é ocasional, é um projeto de impedimento da defesa dos palestinos com a criação de um espantalho.

Por UJC-USP, em 13.10.2023 · 3 mins

A gestão do centro acadêmico de Ciências Moleculares (CA Favo 22) que a UJC compunha, foi destituída ontem (17/10) frente a acusações infundadas de promoção de grupos terroristas e de antissemitismo direcionadas a um informe da ESPP (Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino - USP) trazido na última assembleia do curso à convite da gestão. A forma como foi feita a destituição e demais ataques que estudantes e professores árabe-brasileiros têm recebido em toda a USP na escalada do conflito em Gaza, tem demonstrado que a luta em solidariedade ao povo palestino se dá de forma viva também dentro da universidade e é dever dos comunistas serem vanguarda nessas tarefas.

Vemos, neste sentido, que é necessário diferenciar o que é antissemitismo e o que é antissionismo. O sionismo é um movimento político fundado por Theodor Herzl que reivindicava “uma terra sem povo para um povo sem terra”, que reivindicava a criação de um etnoestado judaico na Palestina. A Palestina era uma “terra sem povo”? Não. A Palestina era um território ocupado pelos palestinos, mas a retórica do “res nullis”, terra de ninguém, sempre foi uma retórica utilizada por movimentos de colonização. A América era terra de ninguém, a África era terra de ninguém… E assim se justificou historicamente a desumanização do povo nativo colonizado para que se pudesse ocupar terras já ocupadas simplesmente varrendo as populações originárias do caminho.

Neste sentido, Domenico Losurdo, em seu livro “Colonialismo e Luta Anticolonial”, caracteriza o sionismo como colonialista e, não obstante, caracteriza também o sionismo como racista. Seus argumentos são reforçados por Hannah Arendt - uma filósofa judia - que dizia em periódicos à época da criação do Estado de Israel que o sionismo “não é mais que a aceitação acrítica do nacionalismo de inspiração alemã”, indicando que o sionismo implica na criação de um etno estado com pressupostos de limpeza étnica.

Ser antissionista, portanto, é dever de todos que entendem que nenhum povo deve ser colonizado, que nenhum povo deve sofrer genocídio. E, neste sentido, entendemos a tônica do informe como antissionista, não antissemita. O equívoco entre uma coisa e outra não é ocasional, é um projeto de impedimento da defesa dos palestinos com a criação de um espantalho. O que acontece é a falsificação de uma fala legítima de apoio ao povo palestino simplesmente pelo fato de que ela contraria os interesses sionistas. É tarefa dos comunistas tomar partido firmemente contra as injustiças sofridas pelo povo palestino.

Não aceitaremos intimidações!
Palestina livre do rio ao mar!



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